Automatizados,
variáveis ou simplesmente automáticos, os câmbios tem diferentes manutenções.
Saiba o que checar em transmissões que dispensam o pedal de embreagem
por GUILHERME SILVEIRA
17/02/2014
15h37 - atualizado às 11h05 em 26/01/2016
Os carros automáticos são cada vez mais comuns no
Brasil. Com tanto trânsito, a procura por esse tipo de transmissão aumentou e
os fabricantes agora oferecem, além dos automáticos, os sistemas automatizados.
São caixas de câmbio mecânicas, como as manuais, mas oferecem a comodidade de
“robôs” para fazer as trocas de marchas e controlar a embreagem.
Os sistemas automáticos, mais caros e mais
confortáveis, ainda são os preferidos. Existem também as transmissões CVT (com
polias de relações continuamente variáveis, similares as dos scooters).
Inicialmente criados para economia de combustível (de até 8% em relação ao
sistema mecânico), os CVT também são muito usados em veículos
elétricos/híbridos. Tidos como artificiais na condução – o carro parecia solto
em uma entrada de curva, por exemplo – hoje estão mais avançados e podem até
simular marchas, caso do Renault Fluence.
Com tantas opções de transmissões, existem dúvidas
quanto à manutenção e reparos. Se a troca de fluido da transmissão não for
seguida com rigor, pode surgir desgaste precoce ou até a quebra da caixa de
câmbio.
Não economize
Profissionais de transmissões automáticas são
categóricos em relação à troca do lubrificante. É o que diz o especialista
Mario Sérgio, da Mariomatic, de São Bernardo do Campo (SP): “Independente do
que os fabricantes recomendam para as trocas, prefiro o máximo de 30 mil km
rodados (com fluido mineral) e, para os sintéticos, até 50 mil km. Rodar mais
do que isso pode sair caro: o desgaste de componentes internos, como os discos
de fricção, engrossa o fluído. Se ele já está escuro, é sinal de contaminação e
de que já perdeu suas propriedades lubrificantes. Daí, filtros internos se
entopem e o lubrificante não circula bem pela transmissão. Neste estágio, o
condutor percebe perda de rendimento, trepidações ao arrancar e nas trocas de
marchas”.
“Em longo prazo, o óleo cheio de partículas pode
até travar um câmbio. O ideal é fazer logo a manutenção antes que os custos
aumentem”, relata Mário. Quando o problema fica sério, muitos donos preferem
colocar seu automático à venda.
Embora algumas montadoras indiquem trocas do fluído
de câmbio a cada 50 mil km – ou mesmo não trocar, usando um lubrificante
lifetime –, Mário alerta: “não recomendo, da mesma forma que acho errado
esperar 10 mil km para a primeira troca de óleo do motor, por exemplo. A
transmissão automática trabalha em altas temperaturas, em especial no transito
carregado, de maneira que fluído não suporta rodar tanto sem substituição”,
completa.
Segundo Mário, o fluído deve ser sempre o indicado
pela montadora. Só que o custo é mais elevado, se comparado ao lubrificante do
motor: cada litro pode passar de R$ 50. “Para trocar o óleo de um Honda Fit com
transmissão CVT, se gasta em torno de R$ 300. Parece caro, mas são seis litros,
um valor pequeno se comparado a um reparo mais sério na transmissão”.
Temperatura correta
Outro cuidado importante é com o líquido de
arrefecimento do motor, a “água do radiador”. Além de refrigerar o motor, ele
também mantém a temperatura do fluído das transmissões automáticas. “Se o motor
ferver, o câmbio superaquece junto e pode ter componentes avariados. Algo que
não ocorre quando o câmbio é manual”, relata José Carlos Finardi, da Oficina
Auto Style.
Quase todas as transmissões automáticas têm um
filtro ou uma tela que deve ser lavada ou trocada quando se substitui o fluido
da transmissão.
Esses cuidados tornam o carro agradável de dirigir,
além de durável. “Um cliente meu tem um Fit com a manutenção sempre em dia e já
rodou mais de 250 mil km sem ter problemas com o câmbio CVT”, conta Mário.
Também é importante o modo de conduzir o carro
automático. “Ficar acelerando e tirando o pé enquanto se espera o farol abrir,
arrancar e acelerar forte a toda hora, tudo isso faz a transmissão trabalhar em
alta temperatura. Em carros de passeio, por exemplo, não se deve forçar o
câmbio ou puxar uma carreta pesada, por exemplo. Quem deixa a transmissão atuar
suavemente, com certeza terá maior vida útil”, afirma Mário. Assim, há casos de
caixas automáticas muito robustas, como as de sedans Toyota e Honda: “Bem
cuidadas, elas podem durar até mais que o motor e o resto do carro”, completa.
Reparo
O custo de reparo de uma transmissão automática é
bem mais elevado que de uma mecânica. Num carro mais usado, pode chegar perto
do valor do próprio veículo. Um reparo completo de um câmbio automático
“simples”, como o de quatro marchas do Honda Civic 1.7 (2005), custa em torno
de R$ 4 mil.
Seu conserto, assim como maioria dos casos, exige a
desmontagem completa da caixa com a substituição de juntas, anéis, vedadores,
discos de fricção etc. Mais raro, pode-se ter de trocar ou remanufaturar o
conversor de torque, o que pode acrescer de R$ 250 a R$ 1.500 à conta. Caso o
conversor não aceitar reparo, sua troca será ainda mais cara.
Se a transmissão apresenta sinais de trepidação e
demora ao arrancar, com trocas de marchas mais “arrastadas”, o ideal é levar
logo o carro para revisão, de preferência em oficina especializada em
automáticos.
Automatizados
Os câmbios automatizados, às vezes chamados
(erroneamente) de automáticos por algumas marcas, são caixas mecânicas com
acionamento eletro-hidráulico. Elas contam com vários “motores” que, comandados
por uma central eletrônica, acionam a embreagem e engatam as marchas. Tudo
acontece em segundos e o funcionamento lembra o de um automático.
Segundo o consultor técnico da Fiat, Ricardo Dilser, “no modo esportivo, por exemplo, toda esta operação se dá em menos de meio segundo”. Ou seja, é um sistema que pode ser mais rápido e preciso do que um motorista mediano.
Segundo o consultor técnico da Fiat, Ricardo Dilser, “no modo esportivo, por exemplo, toda esta operação se dá em menos de meio segundo”. Ou seja, é um sistema que pode ser mais rápido e preciso do que um motorista mediano.
Carro automático usado
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Ao procurar um carro automático usado é essencial
avaliar o estado da transmissão. Esqueça pequenos amassados e detalhes: em
alguns casos, o conserto da caixa pode ser maior que o preço do carro.
Em um automático com muita quilometragem é muito
importante rodar com o carro em uma avenida ou estrada com pouco trânsito.
Comece posicionando a alavanca em “Drive” e solte o freio do carro sem acelerar:
ele deve deslizar sem trancos. Em seguida, com baixa aceleração, o câmbio
terá de trocar as marchas suavemente, sem solavancos.
Procure desenvolver maior velocidade – ideal que
seja em terceira marcha – e pise no fundo do acelerador. Assim se verifica se
a redução de marcha é feita sem trancos ou ruídos. Carros com o câmbio
desgastado tendem a perder desempenho e demorar mais para trocar de
marchas. Arrancada lenta e com trepidação geralmente indica desgaste
elevado. Veja também se há carimbos de revisões no manual do proprietário ou
notas fiscais de manutenção da transmissão.
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Embora ainda não tenham todo o conforto de um
automático clássico, os automatizados têm custo e manutenção mais barata, quase
como a de um câmbio manual. Por isso são usados em carros nacionais mais
acessíveis. Na maioria dos automatizados, a embreagem e o platô são os mesmos
do cambio mecânico, por exemplo. No motor Fiat E.torQ, a caixa Dualogic tem
custo similar para platô e disco, em torno de R$ 350. O que muda é o atuador da
embreagem: na caixa automatizada sai por R$ 1.130, contra R$ 430 do cambio
mecânico. Segundo especialistas, este atuador tem maior durabilidade do que o
usado na caixa manual.
Trocar o lubrificante também tem o mesmo custo –
cerca de R$ 30 o litro – e quase sempre não existe filtro.
Segundo Finardi “o maior problema nestes câmbios é
superaquecimento decorrente de mau uso. O motorista fica “segurando” o carro no
acelerador – geralmente em subidas e ao esperar o sinal abrir. Isso aquece
tanto que a transmissão entra em modo de segurança e não deixa o carro sair do
lugar. Pode até “colar” a embreagem com esta prática. Mas, é um sistema
interessante e a embreagem do automatizado pode durar até mais que a de um
câmbio mecânico maltratado por um mau motorista”, completa Finardi.
Módulo de comando
Ainda que mais raro, outro componente que também
pode apresentar defeito é o módulo eletrônico da transmissão. Integrado ou não
à caixa, um dos sinais de avaria são trancos nas trocas de marchas – algo que
causa risco de quebra da transmissão.
Segundo Mário, o melhor é um profissional analisar
o problema e, se for o caso, substituir o componente. “Não confio em reparos do
módulo. Se ele não funcionar bem, a caixa pode quebrar e o prejuízo é maior”.
Um módulo de gerenciamento de um câmbio automático (novo) tem valor mínimo de
R$ 4 mil.
Revista Auto Esporte